"Governo tem-se entretido com benesses pontuais na Saúde"
António Correia de Campos comentou, no seu espaço de opinião no jornal Público, a atual situação do Sistema Nacional de Saúde (SNS).
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Política Correia de Campos
"O Governo tem-se entretido com benesses pontuais na Saúde: 30 ambulâncias entregues a corporações de bombeiros, em luzida parada no inclemente céu de julho, pagamentos a médico que, tendo de há muito concluído concursos, se encontram ainda sem provimento, 22 milhões para 16 mil cirurgias, abertura de candidaturas a centros de excelência e outras bondades avulsas, tão merecidas que só espanta terem esperado quatro anos para serem reconhecidas", escreve o ex-ministro António Correia de Campos.
Para o professor catedrático, os portugueses estão agora sujeitos, em época de campanha eleitoral, a "um programa recheado de piedosas promessas: médico de família para todos, devolução de hospitais a Misericórdias, livre escolha no Sistema Nacional de Saúde (SNS), a ADSE aberta a trabalhadores do Estado a recibo verde, enfermeiro de família, mais genéricos. Sem que a palavra maldita privatização venha perturbar os espíritos".
"Agora enfrentemos a dura realidade para a qual o Governo fez resvalar o SNS: a penúria financeira dos serviços públicos, nenhuma reforma que trouxesse ganhos de eficiência e a irrefutável substituição por encargos das famílias, das dotações financeiras que o Governo nega ao SNS", destaca.
Em tom crítico, o ex-ministro garante que "a questão seguinte consiste em conhecer o destino da despesa corrente, se prestadores públicos, se privados". Quem pagará os encargos?
"Se o encaminhamento para os primeiros aumentar, tal significa que o Governo atribui mais elevada prioridade financeira à saúde do que em exercícios anteriores: se ele baixar, significa que o Governo decidiu três coisas em simultâneo: gastar menos em saúde comprimindo a dotação do SNS, sacar mais das famílias e promover a gradual privatização do sistema", explica.
Em jeito de conclusão, garante que "entre 2011 e 2014, a despesa corrente total em saúde reduziu-se em 1,318 milhares de milhões. A parte maior da redução coube ao Estado, 1,145 milhares de milhões, essencialmente sob a forma de cortes orçamentais em vencimentos, horas extras, e não substituição de efetivos e menor gasto com farmácias".
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