IPMA diz que avisou Proteção Civil da possibilidade de chuva intensa
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) revelou hoje ter contactado telefonicamente a Proteção Civil antes das 13:30 para alertar para possível chuva intensa em Lisboa na hora seguinte, que poderia ultrapassar os limiares do aviso amarelo.
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País Mau tempo
Entre as 14:00 e as 15:00 a cidade de Lisboa foi afetada pela queda de chuva intensa, que provocou inundações em algumas zonas da capital portuguesa, obrigando ao encerramento de uma estação de metro e impossibilitando a circulação de trânsito em alguns locais.
"Na situação de hoje, dia 22 de setembro, e como é habitual neste tipo de situações, tendo em conta a evolução dos sistemas convectivos na região de Lisboa ao início da tarde, o IPMA entrou em contacto telefónico com a ANPC [Autoridade Nacional de Proteção Civil] às 13:22 horas locais, dando indicação que dentro da hora seguinte poderia haver ocorrência de precipitação mais intensa e que poderia pontualmente ultrapassar o limiar superior de aviso amarelo (20 mm) inicialmente emitido", esclareceu o instituto num comunicado enviado à agência Lusa.
O esclarecimento, assinado pelo meteorologista chefe do IPMA, Nuno Moreira, foi enviado à Lusa depois de hoje a Câmara Municipal de Lisboa ter vindo a público acusar o instituto de falhar as previsões meteorológicas.
"Houve uma grande precipitação. As informações que nós tínhamos do IPMA não iam nesse sentido, portanto a cidade teve de se prevenir à última da hora, uma vez que não tinha sido lançado aviso laranja para o distrito de Lisboa", disse hoje o vereador Carlos Castro que falava aos jornalistas numa conferência de imprensa convocada devido ao mau tempo.
O diretor municipal de Proteção Civil reforçou a acusação: "Estávamos à espera de que houvesse uma comunicação em termos de pré-aviso laranja, para podermos efetivamente dispor a prontidão de todos os serviços. Isso não veio, fomos apanhados [de surpresa] e tivemos de agir [...] rapidamente".
Nuno Moreira esclareceu ainda que o aviso laranja posteriormente emitido, às 15:19, "de forma mais abrangente para os distritos de Leiria, Santarém, Lisboa, Setúbal e Évora, e até às 22 horas locais de hoje, procurou salvaguardar a ocorrência de precipitação intensa (superior a 20 mm/hora) no período posterior até um prazo de 6 horas resultando da análise combinada de toda a informação disponível".
No início do texto enviado à Lusa, Nuno Moreira começa por destacar que os aguaceiros correspondem "a precipitação com distribuição irregular no tempo e no espaço".
"Nestas situações, um maior detalhe das ocorrências decorre através de vigilância meteorológica, recorrendo a observações com satélites e radares meteorológicos, e observações de superfície e altitude. Em particular, através do satélite meteorológico é possível identificar uma região alargada (não em detalhe) de ocorrência de precipitação com prazos até 6 horas, mas apenas com radar meteorológico é possível identificar com maior precisão espacial a ocorrência de precipitação com prazos até 2 horas", explicou o meteorologista.
As zonas da cidade mais afetadas pela chuva intensa foram Benfica, São Domingos de Benfica, Praça de Espanha, Praça da Figueira, Martim Moniz, Avenida da Liberdade, Alta de Lisboa e Alcântara. Em todas estas zonas a circulação rodoviária foi restabelecida ao final da tarde.
O comandante do Regimento dos Sapadores Bombeiros (RSB), Pedro Patrício, considerou que o problema não poderia ter sido evitado, sendo que "com a impermeabilização dos solos que qualquer cidade tem" e em "zonas planas, não é possível haver escoamentos previstos para esta quantidade de água".
O IPMA mantém o distrito de Lisboa sob aviso laranja até às 23:59 de hoje. O aviso laranja é o segundo mais grave numa escala de quatro e pressupõe uma situação meteorológica de risco moderado a elevado.
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