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No Ensino Superior o balanço é "zero"

Ao fim de três anos de aplicação do memorando da 'troika', o mais importante no Ensino Superior ficou por fazer: autonomia das instituições e reorganização da rede, defende Sampaio da Nóvoa, ex-reitor da Universidade de Lisboa.

No Ensino Superior o balanço é "zero"
Notícias ao Minuto

10:27 - 03/05/14 por Lusa

País Sampaio da Nóvoa

"Na área do Ensino Superior praticamente não aconteceu nada", diz à agência Lusa, defendendo que as questões mais importantes seriam desenvolver com qualidade a autonomia das instituições de Ensino Superior e a reorganização da rede, em termos de oferta.

"Ao fim de três anos, o balanço é zero, não aconteceu nada de significativo e julgo que, ao não acontecer nada de significativo num momento tão crucial, isso representa um retrocesso enorme para Portugal", lamentou.

Pelo contrário, constata, foram feitos "cortes cegos", enquanto se prepara ainda a anunciada reorganização da rede de instituições de Ensino Superior.

O académico nota que há uma dificuldade cada vez maior em manter a qualidade e os estudantes no sistema, sobretudo ao nível dos mestrados, frisando que os resultados das políticas de hoje só poderão ser verdadeiramente avaliados dentro de uma década.

A dificuldade em renovar o corpo o docente é, para António Sampaio da Nóvoa, um dos grandes dramas do Ensino Superior hoje: "Estamos a ter um corpo extraordinariamente envelhecido, não estamos a ser capazes de o renovar e isso, a prazo, é a morte das instituições".

Para o especialista tem havido "uma enorme incapacidade" para perceber que há setores e domínios cruciais para Portugal sair da crise.

"Creio que, em muitos casos, o que estamos a assistir é a uma política de cortes cegos, a uma incapacidade de definir prioridades, de hierarquizar o que deve ser apoiado e o que deve desaparecer e é esta dificuldade que tem marcado esta governação", declara.

"É compreensível que isso aconteça num primeiro ano, é mais difícil que aconteça num segundo ano, é totalmente incompreensível num terceiro ano. Isto é, esta ausência de uma visão estratégica para o futuro de Portugal e para a saída deste momento dramático em que temos vivido nos últimos anos", critica.

Desafiado a sugerir uma obra ao Governo, Sampaio da Nóvoa recomenda "O Reino do Erro", de Diane Ravich.

A escolha incidiu num livro recentemente editado por uma das principais assessoras do Governo de George de Bush, que o ministro da Educação, Nuno Crato, "costuma citar".

No livro, a autora, "explica como todas as políticas que estiveram na base da era Bush, e que em grande parte inspiraram o atual Governo - as políticas de privatização, dos exames, as políticas de empregabilidade, do ensino profissional dual -- estavam erradas", diz.

"Foram políticas que contribuíram para a corrosão da escola pública norte-americana e de uma escola de inclusão, de integração e de diversidade", sustenta.

"Na medida em que esta senhora esteve ligada a estas políticas durante muitos anos, tem hoje uma autoridade que se calhar outras pessoas não teriam ao fazer a sua própria ´mea culpa´, ao fazer um diagnóstico do que foram essas medidas, que infelizmente é o que está na matriz da orientação da política educativa em Portugal", afirma.

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